Construindo Práticas no Ensino Colaborativo
"O ensino colaborativo ou coensino é um dos modelos de prestação de serviço de apoio no qual um professor comum e um professor especializado dividem a responsabilidade de planejar, instruir e avaliar o ensino dado a um grupo heterogêneo de estudantes.
Tal modelo emergiu como alternativas aos modelos de sala de recursos, classes especiais ou escolas especiais, especificadamente para responder ás demandas das práticas de inclusão escolar de estudantes do público alvo da educação especial."
MENDES, E.G; VILARONGA, C. A. R; ZERBATO, A. P. Ensino colaborativo como apoio
à inclusão escolar: unindo esforços entre educação comum e especial. São Carlos: UFSCar,
2014. p. 45
Quando falamos de coensino ou ensino colaborativo não estamos nos referindo a uma metodologia centrada exclusivamente no estudante com deficiência ou com autismo.
A proposta é que os professores atuem de forma corresponsável para que o Currículo seja acessível a TODOS os estudantes desde o seu planejamento.
Neste sentido a proposta pedagógica mais ampla praticamente exclui a necessidade de se realizar adaptações sucessivas nas atividades propostas, pois já no planejamento se estabelece diferentes formas de participação visando a acessibilidade integral.
Mas como seria na prática?
É certo que ainda temos muito a caminhar para realmente colocar em prática o coensino, implicando em mudanças estruturais em nossos sistemas escolares.
Mesmo assim, cada vez mais observamos práticas colaborativas que visam ampliar a acessibilidade ao conteúdo a Todos os estudantes.
Hoje vamos conhecer uma prática compartilhada pela profª Professora Patricia Zangarini Tavares da Silva responsável pela Sala de Recursos, realizada em parceria com a disciplina de Ciências, 7º ano;
Nesta turma há um estudante com Transtorno do Espectro Autista.
Temperatura
Habilidade: (EF07C104) Identificar, analisar e avaliar o papel do equilíbrio termodinâmico para a manutenção da vida na Terra, para o funcionamento de máquinas térmicas e em outras situações cotidianas.
A partir de um roteiro de atividades e habilidades a serem trabalhadas, foi selecionado um vídeo explicativo pela professora regente da disciplina, para ampliar a compreensão sobre a relação entre temperatura e calor, mostrando uma experiência de medição da temperatura.
A partir deste vídeo, a Sala de Recursos trouxe para a prática às experiências relatadas no vídeo, durante o atendimento.
Esta vivência seria riquíssima no contexto geral da sala de aula regular e só não foi possível, neste momento, devido ao Ensino Híbrido.
Com a palavra profª Patricia:
"Após receber as atividades, pensei em complementar essa habilidade com o aluno realizando as experiências do próprio vídeo.
Primeiro trouxe para o aluno conceitos básicos do dia a dia para estabelecer relações com o aprendizado.
Elaborei um portfólio e os esquemas, com apoios visuais."
"Realizamos um primeiro experimento sobre o termômetro caseiro, mas infelizmente não deu certo pois o aquecedor não aqueceu a água em temperatura suficiente.
Mesmo assim, foi possível ter uma ideia sobre como é o funcionamento de um termômetro, as medidas e a
cor em vermelho para simular a marcação da temperatura (utilizei coloral e água)"
"Já na segunda demonstração com um termômetro e utilizando água quente e fria o experimento foi bem sucedido e o estudante ficou maravilhado em perceber a reação da temperatura.
Primeiro colocamos o termômetro em água quente, ele observou e registrou no caderno 70 graus.
Na sequência inserimos o termômetro na água fria, ele observou 20 graus Celsius, também realizando o registro.
Foi muito significativo sua percepção da queda da temperatura, tão brusca."
"Quando nos encontramos nos
atendimentos, eu mostro no celular a marcação da temperatura do dia e também solicitei para que a mãe observasse com
ele os termômetros que ficam nas ruas da cidade.
Sempre retomamos no diálogo estas informações"
"O saber que não vem da experiência não é realmente saber". Lev Vygotsky
Profª Patricia Zangarini Tavares da Silva
Pedagoga
Pós graduação em Educação Especial - Deficiência Intelectual
Curso de extensão: Como implementar o desenho universal para a aprendizagem (DUA) em sua prática pedagógica?